O PESCADOR SOLITÁRIO

Um pescador manhã cedo
Puxando o seu barco para o meio do mar
Pescando todo dia sem reclamar
Pesca para se alimentar ele fica cansado
A ntes mesmo de começar
Pois sabe que vai se cansar
Mas nem por isso deixa de trabalhar
No rosto cansado
A pele enrugada do trabalho
A pele queimada pelo sol
No seu olhar
Anos de trabalho
Mas ele tem um amigo
Inseparável
Seu barco
Em volta, água
Grão de areia
No meio da praia.

 

Joseval do Espirito S. Silva Junior, 13 anos
Oficina de Composição Musical 2001
Parceria: POMMAR/Partners/USAID
Professor - Ari Bonfim


 

Sede


O Bagunçaço nasceu na rua e por muito tempo nela se organizou. O crescimento do movimento, a necessidade de guardar materiais dos ensaios e estar mais estruturado para atender a crescente demanda, despertou no grupo a necessidade de ter uma sede.

A primeira sede foi um barraco palafitas emprestado por um tio de um dos componentes. Ali o grupo encontrou abrigo por um ano, até que precisaram devolver o barraco e começaram a usar informalmente a casa da Eunice (uma componente que na época tinha 13 anos e hoje é a presidente do Bagunçaço). O Grupo cresceu ainda mais e disseminou-se em outras localidades dos Alagados. Tornou-se difícil para a família da Eunice administrar tanta gente dentro de sua casa.

Com a ajuda da mãe da Eunice, dona Cleonice, elas convenceram sua vizinha e também a mãe de outro componente chamado Leilson, a alugar uma pequena lanchonete desativada. O termo alugar foi usado nessa situação com boa fé, pois na verdade poucas vezes eles tiveram dinheiro para pagar o aluguel, que hoje equivaleria a R$15,00 mensais, o que os obrigava "fugir" da mãe de Leilson, e para despistá-la, contavam sempre com a ajuda do garoto, que do alto da casa alertava o grupo quando da chegada de sua mãe, e assim podiam entrar e sair sem serem vistos e cobrados.

Todavia, o grupo sentiu a necessidade de mudar sua situação. Depois de uma assembléia geral decidiram ocupar as ruínas do Cine Teatro Alagados (abandonado há anos pelo governo e usado principalmente por marginais). Foi uma tentativa sem sucesso, já que haviam alguns desentendimentos comunitários. Havia uma espécie de zelo excessivo na luta pela sua recuperação por parte das organizações locais. Sabendo dos problemas que o Bagunçaço estava enfrentando, o Padre Clovis, fez um convite para que usassem uma sala no centro comunitário e no inicio do ano de 1995 o grupo mudou-se para a Paróquia de São Jorge. Na Paróquia estavsendo construída uma creche e já funcionavam um posto de saúde homeopático, um centro comunitário, uma escola comunitária e um auditório. E foi numa pequena sala no primeiro andar do auditório que o Bagunçaço se instalou.

O Grupo continuou a crescer e até meninos de comunidades distantes o procuravam para associarem suas bandas. Todos os outros espaços da paróquia já estavam ocupados, o que impedia a expansão dos cursos e outros serviços prestados pelo Bagunçaço

Ao lado da paróquia existia um terreno com uma grande construção abandonada, na qual há muitos anos funcionou uma creche e estava sendo utilizado como ponto de venda e consumo de drogas. Depois de várias tentativas infundadas de negociar com a Associação de Moradores da Comunidade (que na época era responsável pelo espaço) a utilização do local, decidiram fazer uma ocupação e no dia 14 de fevereiro de 2001 o Bagunçaço realizou o "sonho da casa própria".

 

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